No meio do caminho tinha um aborto…

Aborto foi um tema que inspirou a jornada da revista # 2 desde seu planejamento de pauta, que começou no inverno de 2014 após reler a pergunta: [Onde vou Parir? Por que refletir sobre isso?] Eu cheguei a falar com feminista, a me envolver com a pesquisa de política pública sobre aborto e até recorrer às minhas mestras do sutil para entender como inserir o tema ABORTO numa revista para mulheres sobre Parto.

Eu jamais imaginei que aquela força da morte regeria o fim da Coleção Clarear e que a temática só existia no projeto porque seria a ação que eu deveria tomar como idealizadora desta jornada. Abortar o projeto no meio do caminho? Sim! Essa foi a dor que eu precisei materializar para fazer a justiça que eu tanto prezo no mundo com as mulheres.CAPA-FACE

Chegou a hora do meu parto com a Clarear. Preciso abandonar as duas perguntas, que eu me comprometi a investigar no meu lugar de jornalista+pesquisadora de Educação Pré-Natal+ puérpera, na primavera de 2013. Sinto muito pela morte, meus caros 153 benfeitores que investiram nesta jornada. Mas é o que eu posso entregar agora.

Mudaram as estações…e, ao contrário daquela música famosa do Legião Urbana, eu mudei muito. Deixei de ser puérpera, mãe de bebê que amamenta, engatinha, anda, fala e pensa para tornar-se uma mãe de duas crianças, que já conquistaram seus espaços dentro de casa e precisam conhecer o mundo.

Essa virada pessoal que eu preciso dar dentro de mim reverberou muito no caldeirão da Clarear com a pergunta Onde Parir? Por que refletir sobre isso? Reverberou tanto que eu cheguei a acreditar que a sustentabilidade era um desafio da rede, que costuramos em volta de nós para distribuir a Clarear. Perdão, mulheres amadas (maioria, doulas ou empreendedoras do parto) pelo espelho projetado.

Não há dúvida que o desafio do dinheiro é comum, mas nossas trocas contribuíram para eu conscientizar-me do valor que preciso encontrar em mim para crescer como mãe no tamanho das necessidades das minhas filhas, que me moveram com tanta intensidade a ponto de me costurar ao peso da responsabilidade familiar financeira. OBRIGADA!!!!

Mulheres do Mapa Clarear, vocês são responsáveis pela coragem que eu adquiri em parir-me mulher independente e autônoma, inclusive financeiramente. Pra isso, eu preciso abortar este projeto. Sinto muito!

Fim do caminho!
luNesta jornada, eu tive a oportunidade de participar de um ritual de morte muito íntegro, coordenado por uma das mulheres que tornou-se ícone na minha vida: Luciana Benatti. Dentro do abraço que recebi dela, eu lembrei de um sonho de uma das mulheres que eu entrevistei nesta jornada: o sonho de começar a colocar em prática a educação para nos prepararmos para a morte assim como temos feito com o nascer na Terra.

Essa é uma das razões pelas quais eu continuo aqui dedicada à Clarear para finalizar a meta do projeto de imprimir revistas de graça para gestantes do Brasil. Quero ritualizar a morte da coleção Clarear com dignidade humana. Por isso, planejo esse fim até setembro.

A revista, como dissemos na campanha da Benfeitoria, está 80% pronta. Mas ainda não está madura o suficiente pra materializar-se. Temos os ajustes finais de edição e diagramação. Tem sido um esforço árduo (meu e de Luca) para fechar este ciclo. Mas resolvemos tomar essa decisão do aborto consciente. E determinamos que até primavera de 2016 vamos finalizar as pendencias. Não vamos mexer no inacabado, no imperfeito, no caos. Há textos combinados, cujas versões entregues não ganharam suas formas. Há pautas definidas e contatadas, que não houveram tempo de feitura. Isso será enterrado agora.

Somente os processos que já se materializaram que vamos finalizar: edição de textos, que aguardam os feedbacks das autoras ou integração de conteúdo que precisa ser aprimorado pra ganhar a forma adequada da mensagem. Lara Werner é uma das mulheres, que aceitou doular esse meu aborto, além de Luca.

Também me apoio (mas elas não sabiam) em Sandra Sisla, Ana Luiza, Ciça Lessa, Carla Ferro e Lúcia Sígolo pra partir com uma dor digna cheia de alegria de missão cumprida. Eu espero que você reconheça esse aborto como um mérito de uma mãe que sente a necessidade de parir-se mulher no mundo dos homens para se tornar livre e sentir-se íntegra. E, se isso acontecer assim com essa minha vontade, eu espero que a rede nasça para cumprir com a meta da Clarear de distribuir de graça, no mínimo, 2 mil unidades da revista que eu vou fechar até setembro do lado da Luca Fernandes e Lara Werner.

Conheça aqui o  que foi previsto na Revista#2. Vamos, em breve, entregar no formato de pdf via email o material prometido aos benfeitores e, gradativamente, soltaremos aqui e no Facebook links para os downloads das reportagens. Vamos doar todo este trabalho e deixar na sua mão o mérito de decidir se a Clarear merece, ou não, ser impressa na primavera de 2016. Você doará o valor que considera justo para seu bolso para criarmos o chão que a Clarear puder ter até dezembro de 2016, ou não.

Abraços fraternos
Ceila Santos

 

 

Clarear ainda é uma semente!

Vai florescer um ser divino que está dentro de você…vai florescer!Clarear-benfeitoria04-Vilma
É uma delícia ouvir esse mantra que é cantado em roda nos círculos do Sagrado Feminino assim como é revigorante participar de ações políticas do Fórum das Mulheres da Zona Oeste. São dois caminhos bem diferentes com energias – ás vezes, opostas – outras, a mesma. Sem dúvida nenhuma, se dispor a vivenciar esses ambientes representa uma divisão. Que divisão é essa?

É uma divisão bem profunda do que se tornou ser mulher no século XXI. Você pode reconhecer essa divisão, sob o aspecto cultural de Maturana, e perceber o quanto a forma de nos relacionarmos nos influencia e o quanto reproduzimos os padrões diferentes dessas rodas, conhecidas como Sagrado e Feminismo, nas nossas relações.

12961475_910801625684294_3812847333296064026_nNo meu mergulho na Economia Associativa, eu reconheci essa divisão no conceito de trimembração que Rudolf Steiner traz para os âmbitos da Ciência/Religião, do Direito e da Economia a partir da evolução da humanidade. Associei muito a emancipação econômica oriunda da Divisão de Trabalho – o que nos permitiu desenvolver o altruísmo perante nosso egoísmo nas trocas com mundo – com a situação de ser uma mulher autônoma no Brasil. Ocupar um lugar de trabalho no corpo de mulher com a economia atual é mesmo um corte bem feito quando essa mulher se torna mãe. Um corte automático – igual ao que acontece com as mulheres que parem no Brasil: quase 90% de cesáreas!

Integrar isso de forma consciente leva tempo. Exige costura de si mesmo. Tem a ver com as estórias de Rumpelstiltskin que transformava palha em ouro para aquela mulher que um dia seria princesa em troca do ser que um dia ela iria gestar no seu ventre. São muitas co-relações, um trabalho sem-fim como aquele que nutrimos dentro de casa, quando cuidamos da limpeza, da comida e das roupas.

Economia, feminismo, sagrado e cultura.
Foram esses os ingredientes que aprendi colocar no caldeirão de quem sou nesta jornada que trilhei sozinha com a pergunta: Onde Parir? Por que devo refletir sobre isso? Uma baita confusão para maioria das pessoas que tentaram me acompanhar neste mergulho profundo, quase sem-fim…É preciso coragem pra ficar cega. Talvez, eu ainda esteja bem cega diante das co-relações tão opostas que vejo, mas já reconheci a cegueira. Tenho tido muitos espelhos cansados da euforia que eu transmito quando abro a boca.Clarear-benfeitoria-retafinal

Ninguém suporta tanta abundância escura, misturada, cheia de ligações estranhas nas entranhas. Viver demais dentro do escuro nos isola. Precisamos da luz do outro pra entender a medida. Por isso, sigo tanto o tempo da lua…em busca de alguma medida que possa me conectar assim – cheia de alegria da sombra escura que me lambuzei nessa jornada vazia e solitária – com o outro.

Não sei falar ainda a língua dos homens femininos. Muitas mulheres ainda são mais machas que eles. Por mais pontes que reconheci no meio do caminho com palavras antigas e cheia de nobreza. Nenhuma delas ainda abriu o portal da voz feminina que me pertence. É amor, liberdade, fraternidade e justiça. É o desenvolvimento integral a partir da relação com outro. É na diferença que se encontra a magia, mas que semente é essa que não floresce? É a semente do valor da vida!

IMG-20160404-WA0002 Aprendi com a Turma do Germinar, que bebe da pedagogia social, as fases da organização e reconheci muita coisa FORA da fórmula mágica criada por homens antroposóficos, e assim [ sem medo] com a criança que reina em mim me perguntei: ué, mas será que a fórmula encaixa da mesma maneira pra sementes escuras? Eu sou mulher do sagrado e do feminismo, que fui violentada desde o dia em que nasci: minhas primeiras impressões são fortes,com dores legítimas que o mundo ainda não reconheceu. Pelo meu corpo, eu entendi a concepção, a gestação, a violência do corte automático da cesárea, vi a morte por dentro com aborto, ganhei um fórceps e ainda reconheci a cegueira da sexualidade com a fantasia linda que vivi na minha menarca. Essa coisa fora do lugar tem cheiro de ideias misturadas ainda pulsando no caos: clarear ainda é semente!

Nosso organismo não se formou!
A Clarear já nasceu no mundo com a revista #1  que a Luca materializou junto com as aquarelas da Iamni. Vivemos muitas formas, recebemos muitos arquétipos desde então. Todos com forma de costura, teia, rede, essa mania que anda perambulando a Terra com seu véu da colaboração e co-criação. Mas ainda não florescemos. Não se nasce a partir de uma forma só. Nem com muitas: já criamos cinco formas! Se nasce a partir de muitos. Tecido vivo se tece com vidas.

Estamos no tempo da lua.
Ela dura 28 dias, mas já se passaram quase sete estações. Quando outono se aproxima, na Clarear, é época de renovação, criação: tempo de mexer caldeirão. Lá vou eu segurar a colher? Humm, preciso de mãos que trabalham. A minha anda calejada demais, precisando aprender a falar…partilhar a jornada, passar o bastão, fazer outra dança: entoar o mantra: lá, vem o sol, tchuru, tchuru, tchuru…

Eu agradeço do fundo do coração pelos 56 benfeitores que acreditaram no nosso trabalho. Agradeço muito a vivência com a dupla, que deu beleza à Clarear: valeu, Iamni e Luca!

E agradeço a cada uma das 30 mulheres, que escreveram para nossa revista #2, e as 70 que aceitaram o convite de vender ou receber a revista Clarear: vocês me ensinaram a crescer: obrigada! custos
Por vocês, eu conheci a fractologia com Monika von Koss, o renascimento da Fanny, a economia associativa com a Lúcia na Sociedade Antroposófica, as mulheres do Círculos do ISH, as mulheres vinculadas à Secretaria de Política das Mulheres, o Espaço Ciranda, a fluxonomia da Lala, a abundância do Oswaldo no Laboriosa, o sitio desescolarizado da Ana Thomaz,  ofereci à minha filha um temaskal onde ela foi batizada por mim e abençoada pela querida Kalu Reiki, sua segunda madrinha de fé. Por vocês, eu fiz muita constelação familiar, coaching, encontrei o Germinar, o Compartilhe Digital, ufa, quanta coisa! Obrigada!

A jornada continua, sem dúvida!
Não atingimos a meta necessária para ganhar o chão que a semente da Clarear precisa para florescer no mundo: recursos são necessários!
Não basta doar talento, criar identidade, puxar ou forçar processos. O mundo precisa doar para ideias que valorizam a vida existirem!!! Eu agradeço muito por ter aceito a chama da Clarear, acesa pela benfeitoria de uma aldeia de 153 amigos, familiares e desconhecidos que confiaram na minha fé. À essa aldeia eu devo minha jornada de herói: gratidão eterna!

Não tenho dúvida de que a Clarear pode inspirar muitas mulheres a mergulhar na sua própria jornada, mas sua existência depende de recursos do mundo ou de uma aldeia de heroínas, que brotam das facas dos obstetras espalhados pelos hospitais do Brasil e que também necessitam clarear sua própria formação. Que venha o sol e a terra alimentar e nutrir o tempo da lua espelhado na água que vivemos nesses três anos de semente: precisamos de dinheiro e gente pra crescer!

Venham! As portas continuam abertas!
como sempre…
revistaclarear@gmail.com

 

Casa Angela, a primeira entrevista da Segunda Jornada Clarear

downloadÉpoca de São João, dia 24 de junho de 2014, acontecia a primeira entrevista da Clarear com a pergunta: Onde eu vou parir, porque devo refletir sobre isso?

Anke Reidel era uma das entrevistadas. Era uma manhã de inverno e eu tremia por dentro – igual quando fiz minhas primeiras entrevistas há mais de 20 anos. Motivo? Minha admiração pessoal por Anke e a vontade de saber atuar bem como jornalista. Confesso que a emoção era maior que minha escuta e muita coisa que Anke partilhou comigo no começo da nossa conversa ficou perdida na insegurança que sentia.

Aquele lugar é o sonho que desejo para todas as mulheres. É a Casa onde eu queria ter parido minhas filhas. Estar ali era reconhecer a possibilidade real dos sonhos, vivenciar a esperança de que um dia não será mais necessário mulheres, principalmente gestantes, investirem tanta energia sobre o direito de escolha do lugar do parto da mulher e do nascimento de uma criança. Essa diferenciação, aliás, de quem é o parto e de quem é o nascimento foi uma das lições que aprendi com Anke, uma estrangeira que veio para o Brasil para realizar o sonho de aprender assistir partos com Angela, que faleceu em 2000, antes de presenciar a materialização daquele lugar mágico.

Não consegui registrar muito da história da Casa Angela, que recentemente assinou convênio com a prefeitura de São Paulo, mas aprendi que a magia que sentia daquele lugar está relacionada com o cuidado e o respeito com o pré-natal. As mulheres que tem a oportunidade de chegar na Casa Angela há tempo de preparar para um parto terão a chance de aprender como funciona seu próprio corpo e as possibilidades de escolha que nos cabem quando gestamos um ser dentro de nós.

Ela me explicou sobre a visão holística e integral do ser humano que a Casa Angela adota quando recebe uma família, da abordagem do desenvolvimento infantil baseado na pedagoga Emmy Pikler, das simulações de cenários que são trabalhadas com as gestantes desde as 34 semanas e das informações que são transmitidas sobre a fisiologia do parto, as dores das contrações e dilatações e as questões das crenças culturais e religiosas para a formação de imagem de um parto real.

Falamos muito das diferenças entre o parto idealizado e o parto visualizado, o que naquela época ainda era um enigma pra mim, pois ainda não tinha sido iniciada por Carla Ferro à obra de Humberto Maturana. Aprendi com Anke a diferença entre se preparar para o parto que tem a ver com sua história e seu corpo com o desejo de não ter uma cesárea ou de se preparar para o parto humanizado das redes sociais.

O caminho pode até parecer o mesmo, mas o modo de percorre-lo faz toda diferença e depende muito da sua capacidade de clarear, ou não, seu discernimento. É exatamente esse clarear que pretendo partilhar contigo na abertura do Volume II, que está em campanha na Benfeitoria para se lançar no mundo em março de 2016. 

Depois de aprender muito com Anke, ouvi Endi Pi, que significa chama interior em tupi guarani. Endi é enfermeira obstétrica e, na época, coordenava a equipe de 12 enfermeiras. Tive a honra de ouvir toda sua trajetória profissional, que como de muitas mulheres foi marcada pela maternidade.

Ela entrou no hospital pela primeira vez aos 17 anos para parir sua filha, que nasceu prematura aos sete meses e meio num parto normal com episiotomia. Quando se formou aprendeu a cultura intervencionista do ambiente hospitalar que lhe deu muita experiência, também foi voluntária da Amparo Maternal quando terminou sua especialização em obstetrícia e voltou para realidade do sistema de saúde publico para montar um ambulatório no Hospital de São Bernardo, o que lhe deu bagagem administrativa e política. A assistência obstétrica falou mais alto e, então, Endi passou por um hospital privado onde viu tudo aquilo que ela aprendeu que não devia fazer: muita intervenção e total descaso aos aspectos pessoais de cada humano.

Ela conta que o cheirinho de goiabada da cozinha da Casa Angela foi o que lhe deu certeza de que naquela época ela estava atuando no lugar certo: quando pisei aqui, eu me encontrei. Falamos muito daquela reciprocidade que nos encantava pelo direito da mulher parir no seu corpo. Aprendi com Endi a olhar a cultura hospitalar, intervencionista e violenta como um lugar de passagem, um lugar de aprendizado para toda humanidade. Afinal todos temos impregnado em nossas células nosso modo de nascer e podemos recriá-lo para construir um futuro melhor aos nossos bisnetos. Depende só do nosso querer.

Eu nasci de forma traumática e violenta. No entanto, desde que me tornei mãe e descobri o processo de nos parir tenho transformado as dores da violência e do trauma em cada passagem da minha vida familiar. A Clarear faz parte desses partos e, neste volume, pari a responsabilidade pela minha liberdade!

Anke fugiu da minha câmera de celular, mas Endi gravou um vídeo que retrata um pouco do que se trata parir numa casa de parto, veja mais no Mamatraca. Aproveite para conhecer nossa campanha na Benfeitoria, que visa transformar esta entrevista parte da edição impressa do nosso segundo volume da Coleção Clarear: benfeitoria.com/clarear

Tem cara de revista, mas é Coleção Clarear

Um novo ciclo começa agora na Clarear com a chegada da segunda pergunta: Onde eu vou parir porque devo refletir sobre isso? Este passo levou 18 meses até agora, mas só será finalizado mesmo, quando completarmos 21 ou 22 meses. Ou seja, quase dois anos.

De uma revista para outra,serão sete meses. Eis, aí a principal razão pela qual a Clarear não é uma revista, mas tem cara. A revista é um tipo editorial que se classifica pela frequência. Se fossemos uma, teríamos no mínimo 7 edições. Não temos. Somos uma coleção de quatro perguntas com cara de revista.

O tempo retrata também nossa natureza. O que parece demora revela na verdade nosso jeito. Somos um projeto independente e, neste ínterim, descobrimos que não somos comercial. Esta descoberta levou sete meses de reflexão e crise para decidirmos o que fazer diante da negação + quatro meses de transição para bater o martelo da escolha.

Tem muita história pra contar e aprendizado diversos pra partilhar, mas Comercial-Clarear-junho-20152fato é que a revista prevista para setembro de 2015 deve ser lançada em março de 2016. Isso se atingirmos a meta de arrecadar R$ 17 mil reais na Benfeitoria – site de financiamento coletivo o qual vamos publicar nossa campanha em janeiro. É a segunda vez que a Clarear usa o crowdfunding, mas muita coisa mudou de lá pra cá.

Da semente de 2013 para gota de 2016!
Desta vez, temos o editorial pronto. Duas ou quatro temáticas deverão ser entregues em janeiro. Outra novidade é o quanto resolvemos deixar a cara verdadeira. Além de idealizadora e jornalista do projeto, resolvi assumir o papel de co-criadora na produção de conteúdo e convidei 30 mulheres para compor o editorial. Tornamos coletivo, virei editora, coordenadora e gestora deste processo. São 18 temáticas ao todo, além da proposta original de responder com a bibliografia da ANEP Brasil as perguntas do projeto.

O financiamento não será para produção de conteúdo como foi na campanha de Novembro de 2013 a Fevereiro de 2014. Agora o foco é materializar a pergunta com cara de revista. E, além disso, temos a experiência das transformações que a primeira pergunta trouxe para o projeto.

Foram muitas, mas vale a pena partilhar a metamorfose do que era 20 textos via email que seriam parte do meu TCC ( Trabalho de Conclusão de Curso) da formação de educação pré-natal para um editorial com cara de revista, preço e conteúdo de livro e linguagem de blog.

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Quase um ano depois que a primeira pergunta ganhou cara de revista conseguimos dar forma neste slide depois de profundas conversas sobre publicidade e modelo de negócio das revistas. Idealizamos  um lugar onde a informação comercial é concedida por quem presta serviços desta natureza, enquanto a reflexão é mantida pela leitura da bibliografia da ANEP Brasil, sem a exigência jornalistica de vender informação objetiva e clara. Veja mais aqui.

Outra percepção que nasceu das profundezas de pensar a publicidade da DSC_0098Clarear foi quem é o público que nos rodeia. A gente já reconhecia, desde quando lançamos a semente da Clarear ao mundo, nosso cheiro de gueto. Mas não tínhamos a percepção das camadas dessa gota no oceano de ser mulheres ou homens. Por isso, o passo que queremos dar agora é de gota de orvalho.

Queremos distribuir MIL UNIDADES da Clarear em ONGs, UBSs e hospitais públicos de graça para criar, quem sabe,  um riachinho que dê conta de construir a terceira pergunta: Meu bebê nasceu, o que devo saber agora?  Por isso, vamos recorrer ao crowdfunding em 2016!Comercial-Clarear-junho-20157

O que aconteceu nos 18 meses da pergunta: Onde eu vou parir porque devo refletir sobre isso?
2014
Junho – Três entrevistas foram realizadas para a pergunta do Volume II. Veja aqui a relação de todos os entrevistados.
Julho de 2014 – Cinco entrevistas + leitura de livros + Anúncio do Lançamento da Revista 1 + Balanço do Primeiro Passo
Agosto de 2014 – Quatro entrevistas + leitura de livros
PRIMEIRO PASSO: Lançamento da Revista Clarear – Estou grávida, o que devo saber agora?
Criação do Mapa da Clarear
Setembro – Case no grupo de estudos de Economia Associativa, da Sociedade Antroposófica
Outubro – Pagamento da gráfica com a venda de revistas
Novembro – Primeira Cobrança dos Consignados
Dezembro- Imersão do trio de mulheres

2015
Janeiro – Consultoria de Antonio Sampaio + uma entrevista
Março  – Participação em edital internacional
Abril/Maio – Publicidade
Junho – Segunda Cobrança dos Consignados
Julho – Resgate da Revista #2 + pesquisa + uma entrevista
Agosto – Formação dos coletivos e busca de capacitação
Setembro a Novembro – Produção e diagramação de conteúdo
Dezembro – Criação da capa da revista, sumário, produção de conteúdo e editorial

2016
JANEIRO – Produção de conteúdo e campanha Benfeitoria
ABRIL – Impressão e distribuição do Volume 2 da Coleção ClarearComercial-Clarear-junho-20155

 

 

 

Primeiro ano de vida da Revista Clarear

Celebrar sementes é quase um mergulho dentro do mergulho. Imaginou?
É de uma tal profundidade que cansa o corpo relembrar a escuridão do processo. Também faz vibrá-lo de alegria porque, mesmo na escuridão, reconhece-se muitos traçados, marcos e infinitas conexões. É tanta luz pulsando dentro do reconhecimento, uma abundância que nos espanta… Aí, surge a compreensão da necessidade dos limites. É preciso traçar um círculo das células, dos órgãos, dos corpos, das casas, dos mapas, do planeta mesmo que você tenha absoluta certeza de que o segredo está na potência da membrana. Aprendi que a nós nos cabe definir os limites. Não nos pertence o segredo. Ele é a magia, o milagre, a consequência.

Por isso, ando em buscBayer-1661-Uranometria-Leaf_49-Southern_Constellations.jpega de cartógrafos de sementes. Eles são muitos e todos abertos para receber nossa natureza do porvir desde que ela faça sentido para a Terra. Cá, estou eu de novo com essa missão de encontrar outros empreendedores de fé para criar a sustentabilidade de coletivos ou privilegiados que confiem em minha trajetória para arcar com o tempo que vou dedicar à dar forma as ações da Clarear. Escolhi dois lugares que sinto acolhimento: o Germinar e a Fluxonomia. Ambos, começam suas respectivas turmas na primavera, em setembro, justamente na época em que a Clarear foi concebida.

Como sempre não tenho garantias. Ofereço me de corpo e alma para agir na condução da essência da Clarear. Também reconheço que neste mergulho do mergulho, eu creio que a semente da Clarear se mistura e vincula à minha mudança profissional que existe dentro de mim. Sei da minha perdição. Reconheço minha inconsciência, mas agora é consciente as possibilidades de futuro da Clarear. Elas são muitas e preciso desses cartógrafos para junto com a dupla de artistas fazer nossas escolhas. Temos consciência dos sonhos entrelaçados, sabemos de onde veio cada pedaço que formou a Clarear e já identificamos os buracos que precisam ser preenchidos agora.

Acredito que os cartógrafos da semente poderão me ajudar a reconhecer linhas, curvas e objetos que estão dentro da Clarear. Esse reconhecimento permitirá que eu aja com uma direção mais assertiva diante da imensidão do horizonte. Neste ínterim, muitas conexões foram feitas e novas concepções surgiram dentro da Clarear, mas ainda é nebuloso onde elas estão. Precisamos de ordem, estrutura. Usamos muitas, mas poucas são capazes de dar conta da nossa natureza. Somos uma semente que tem a missão de valorizar a semente da vida, sentiu o desafio?
Precisamos de cartógrafos capazes de somar os fragmentos que espelhamos do lado de fora.

Deu pra sentir o gostinho da celebração?
Ela ainda dança na roda do coração solitário. Tá cheio de música, alegria, luz e reconhecimento. É muita abundância e o danado do Cronos anda comendo minhas irmãs antes da ciranda. Não tivemos tempo de celebrar e reconhecer juntas. Começo a preparar essa festa neste post que partilho com você.

Bora celebrar?
Roda, roda, roda, roda!
Foram dez rodas de gestante na cidade de São Paulo e a certeza de que nascemos pra interagir presencialmente com nosso público. Nasceu aí a concepção do Programa Clarear que um dia brotará, ou não, no mundo.

convite-NucleoCuidarconvite-NOVELARIA (1)convite-moaraconvite-curumimconvite-casadeluaconvite-Abaetetuva (1)convite10699269_10152555301563124_675739811_n10647630_10152442515348124_240553032_n20ago-convite-COMMADRE

Também fomos convidados para fazer parte de lançamentos importantes para nosso público:

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DSC_0238E, então, chegou a hora de hibernar…
Fomos acolhidos pelo grupo de estudos da Economia Associativa da Sociedade Antroposófica como objeto de estudo desde setembro de 2014, quando celebrávamos um ano da concepção da ideia. Participamos do primeiro encontro da EcoViva, recebemos consultoria de Antônio Sampaio, identificamos demanda10926195_854526644612274_4358441989929580149_ns e necessidades. Entramos em crise.

Recebemos cuidado, inspiração e consultoria de muita gente: gratidão. Chegamos até renascer, literalmente.

Vamos virar um coletivo!

A Clarear vai virar um coletivo. Agora é consciente. Quer participar?
Nossa missão é valorizar a semente da vida! Isso significa não só que queremos disseminar o direito à vida, mas valorizá-la desde quando ela é uma semente. Não é um propósito simples, muito menos fácil. Nosso primeiro desafio é como tratar a vida diante da morte? Fizemos uma escolha: optamos por integrar a vida à morte, ou vice-versa. Ou seja, tratamos a vida e a morte como um mistério sagrado.

Tem mais: queremos valorizar a semente da vida a partir da perspectiva da mulher como sujeito. Isso não significa que não incluímos os homens na nossa rede, mas que tratamos a mulher a partir de uma perspectiva diferente da nossa sociedade, pois a mulher para nós ocupa um lugar de direitos. O que isso significa? A mulher é dona da sua verdade e do seu corpo. Não é uma questão semântica: existe uma perspectiva dominante de mulher-objeto que precisa ser reconhecida pra quem se propõe valorizar a semente da vida.

O mais complexo e tabu de todos: valorizar a semente da vida consiste em reconhecê-la antes da chegada do bebê na Terra e isso nos coloca no mais escuro das profundezas da Terra: o porvir, o invisível, o mistério, o sutil, o sagrado, o espirito, a alma, o etéreo, a emoção, a crença e o ideal. Logo, valorizar a semente da vida integrada com a morte a partir da mulher como sujeito de uma família nos coloca na trilha histórica de direitos do aborto. Quem participa do Coletivo da Clarear vai precisar ter resposta para a pergunta da legalização do aborto.

E aí faz sentido, para você, Clarear a missão de valorizar a semente da vida sob a perspectiva de uma mulher-sujeito?

Se sim, faça comentário aqui embaixo que em breve publicaremos as necessidades que o Coletivo da Clarear tem de dar conta como demanda para agirmos juntos por esta missão.

Clarear é um lugar para parceria de venda

Screen Shot 2015-06-16 at 11.49.13 AMVamos completar nosso primeiro ano de circulação no dia 9 de agosto de 2015: época de celebrar muito aprendizado! O primeiro deles: nós queremos atingir 100% das vendas neste período! Sabe o que isso significa?

Descobrimos o que queremos…Isso vale muito ouro pra quem nasceu sem a consciência de um produto impresso e, consequentemente, sem a mínima noção de comercialização e distribuição do segmento editorial no Brasil.

Foi um choque deparar com a realidade do negócio em que atuamos. É coisa pra tubarão gigante acostumado a engolir não só gente, mas um continente inteiro. Tem “peixe bem grande” querendo se defender do mega-hiper-internacionalizado-tututubarão com o velho bastão do controle e dedica-se muito tempo na busca pelo Preço Fixo. E, pra fechar, a maioria dos tutoriais de planos de negócio carimba nossa iniciativa como inviável. Não foi fácil engolir tudo isso a seco e com muitas contas a vencer nas nossas casas. Foi preciso resgatar o sonho!

Pensa que basta pescá-lo na memória? Não! São muitos sonhos entrelaçados. Detalhe: com muitas crenças nas entrelinhas. Perceber o DNA que responde o desafio da venda – que precisa ser concretizada agora – não é exercício simples dentro de uma semente. Tem de ficar em silêncio e aguardar a ajuda lá de cima. Rede, rede, rede, rede!!!! Sempre sonhei em fazer coisas em rede, associadas, a partir da soma das competências, da lei da abundância. Sou totalmente convencida pelo discurso, pela teoria e pelas faíscas que sinto com algumas experiências práticas na minha vida. Mas a realidade que crio ainda é a outra. Percebemos isso: vale vida nova, libertação total.
É caminho…

Queremos vender a Clarear com redes!
O que isso significa? A rede que revende a Clarear precisa ter tal consciência. Não dá pra criar rede sem proposito 10705195_10152473913988124_1905082094_ncomum, vira muita salada e a gente precisa de sustento. Essa descoberta linda – e dolorida – se deu a partir da experiência do Mapa Clarear que envolveu mais de 70 pessoas. A maioria nos acolheu com a boa vontade de colaborar e dar vida ao projeto. Poucos tinham a consciência da natureza comercial daquela troca e vivemos muita indigestão inconsciente. Por que doamos tanto na hora de nos vendermos?  Por que criamos tanta ressonância com a energia do doar sem receber? Por que criamos tanta ressonância com a entrega sem valor monetário? Por que criamos tanta crença no futuro sem criá-lo?

Descobrimos muitas crenças relacionadas a valores e mergulhamos fundo na percepção de que tais atitudes são similares à desvalorização do feminino. O tambor soou alto: bora valorizar o feminino! Mas o que é feminino no mercado de valores? Tudo que não se valoriza no mundo, uai: trabalho do cuidado, do afeto e dos fazeres internos e privados. Parecia luz no fim do túnel. Aprendemos, no entanto, ter cautela. A sociedade é patriarcal, escolarizada, hierarquizada e cultua a escassez. O futuro começa agora e o passo é de formiguinha. Por isso, estamos em busca de parceiros de natureza comercial para revenda da nossa segunda revista.

Acreditamos que 43% dos nossos pontos serão eliminados. Precisamos substitui-los por espaços que tenham consciência de que a Clarear é uma mídia impressa com muitos valores femininos que precisa ser vendida pelo preço certo no lugar certo. Procuramos parceiros de natureza comercial cujo público valoriza os temas Gestação, Parto e Pós-parto sob a perspectiva de que o humano é integral – e não só um corpo fisiológico. Não vamos mais nutrir a política de consignação. Nosso foco são parceiros que adquirem nossos lotes mínimos de 10 unidades por um preço acessível e revendem pelo valor que considerarem justo ou doam para o seu espaço no tempo que o tempo tem.

Temos convicção de que a Clarear é uma venda certa, mas o tempo dela não corre no mar dos tubarões nem dos peixe-grandes…Nosso fluxo caminha na margem deste oceano a passos de formiguinha. Queremos formar uma rede de formiguinhas responsável pela cocriação da distribuição e comercialização da nossa revista, aceita?

Entre em contato conosco para ser nosso parceiro de venda: revistaclarear@gmail.com

2015 nasce a Publicidade da Revista Clarear

A Revista Clarear vai lançar sua segunda edição no mês de setembro e, desta vez, teremos publicidade! Como todo projeto independente nasce, em cada ação, a vontade de se  libertar dos velhos moldes… Pra isso, é preciso olhar para trás. Olhamos!

Reconhecemos o valor dos espaços criados para divulgar a mensagem principal de cada produto ou serviço. Nada melhor anunciosque uma imagem e uma frase bem feita para responder a razão de existir serviços humanizados na assistência obstétrica, produtos voltados para atender as necessidades de mãe e bebê ou soluções associadas que atendam o público da família. Os tradicionais anúncios publicitários serão inseridos dentro da revista, caso haja demanda, além dos espaços destinados à segunda, terceira e quarta capa.

Nossa tiragem prevista é de 2 mil unidades, além do alcance digital da versão disponibilizada no canal Issuu. A Clarear já conquistou 70 pontos pelo Brasil. Temos algumas estratégias para construir a abrangência do nosso público, que poderá ser detalhada em reunião presencial ou skype com os interessados em adquirir estes anúncios.

Preços:
Página Inteira – Quarta Capa – R$ 3.300,00
Página Inteira – Segunda Capa – R$ 2450,00
Meia página – R$ 1350,00
1/4 de página – R$ 720,00

A novidade fica por conta da oferta de conteúdo nos espaços publicitários. Motivo? A maioria dos serviços e produtos destinados ao público da Clarear trata-se de inovação na área do cuidado. Exemplo? Terapia craniosacral, serviços de doula, assistência obstétrica humanizada, acupuntura, massagens específicas para parto, métodos de consciência corporal, cursos de pré-parto e pós-parto, sling, epi-no, equipamentos para parto em casa, yoga, pilates, fotos, alimentação saudável, entre outros. São dois espaços destinados à oferta de conteúdo: curtas publicitárias e suplemento publicitário.curtas

Só quem cuida pode transmitir a mensagem verdadeira. Quem tem valor do cuidado tem informação comercial. As Curtas Publicitárias serão espaços com diferenciação de papel ou cor para o leitor identificar a função comercial dos textos de 800 a 1500 caracteres, situados nas primeiras páginas da revista após a reflexão de gestação que convidará as leitoras para a pergunta principal do segundo número desta coleção: Onde eu vou parir, porque devo refletir sobre isso?

A ideia é disponibilizar este espaço para os anunciantes que atuam nas áreas de cuidado, afeto ou vinculo destinado a gestantes, casal grávido ou bebês com serviços diferenciados na área de humanização. É a oportunidade para descrever o conceito do seu trabalho. Preços:
Curta800: o anunciante adquire o espaço com a quantidade de 800 caracteres com direito a título, assinatura, texto e divulgação de um site no rodapé – R$ 450,00
Curta 1500: o anunciante adquire o espaço com a quantidade de 1500 caracteres com direito a título, assinatura, texto e divulgação de um site no rodapé – R$ 600,00

O espaço privilegiado das tradicionais revistas de quem transmite o que realmente o público quer ler virou Suplemento Publicitário dentro da Clarear. Vale relembrar o significado de suplemento porque a ideia é essa: só quem vivencia os conflitos de interesses do sistema obstétrico pode complementar a reflexão da segunda revista cuja pergunta é: onde eu vou parir porque devo refletir sobre isso? É um bom espaço para quem tem valor do conhecimento e o comercializa nos formatos de cursos.

classif-opção1 (1)A gente sabe o quanto a realidade é dura com quem ousa valorizar o cuidado, o afeto, os vínculos ou as evidências científicas, então, criamos o Mural de Classificados com preços mais acessíveis para caber toda rede de cuidadores que precisam valorizar seu trabalho para o público que a Clarear já tem e almeja. E aí, o que acha: faz sentido?

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Veja mais aqui: http://pt.slideshare.net/revistaclarear/clarear-comercial-2015

Valor da Publicidade

Foram nove meses de reflexões e pesquisa sobre nós mesmas e nossa formação acadêmica para encontrar um caminhodownload (4) publicitário. Chegamos até a rever a história das revistas e atribuir à Chatô o atual modelo de distribuir de 40% a 45% das páginas da revista a anúncios com o lançamento da Cruzeiro. Pelo menos essa foi a minha dedução – depois de ler dezenas de teses sobre a história das revistas.

O mergulho na história se deu pela minha curiosidade sobre a técnica, conhecida como espelho usada nas redações para gerenciar a sequência das páginas de uma revista.

É importante perceber que o modo como hoje os editores gerencia a produção das revistas é um método desconsiderado nas universidades e pelos próprios usuários. Detalhe: o método é o desenho da revista. Ele quem retrata a quantidade de páginas e quantas delas serão destinadas ao comércio – a chamada publicidade. Dedicar tempo a esta reflexão representou época de crise nos bastidores do nosso casulo.

Por outro lado, foi tal dedicação que permitiu a descoberta do absurdo do fim da revista Realidade, cujo o artigo mais lido da núrevista-realidade-apreendidamero zero foi “A vida antes do nascer”. Entendi que Civitta encerrou a Realidade que tinha caixa, era sustentável e praticava o chamado new journalism para criar a Revista Veja que era cópia da Life com a justificativa da chegada da TV e da circunstância política. Vale informar que a revista Veja, segundo os artigos científicos, teve quase 10 anos de prejuízos.

Uma história de poucos, de heróis, desbravadores e um bando de anônimos. Uma história para poucos, de leitores europeus, da corte, da burguesia, de politizados e intelectuais, de classe média, de fotonovelas. Deu vontade de sonhar com novos leitores. Pensar na revista de todos e isso nos levou para economia. Li e reli muitos artigos sobre empreendedorismo, além do livro de Reinaldo Domingos para tentar sair da armadilha do impossível. Mas o mergulho nos manuais dos planos de negócio afundou ainda mais nossa visão.

A gente caiu na real o quanto jornalismo é mercadoria. Caímos na real o quanto o segmento editorial é feito de oligopólio, economia de escala, internacionalização e tecnologia intensiva. Todo manual afirma que essas características matam o empreendedorismo. Caímos na real o quanto a publicidade da revista compete com canais de mídia, educação e cultura: internet, tv, rádio, cultura, educação e papel. Caímos na real de que o modelo de negócio é focado na quantidade, medida, audiência, abrangência, alcance, público-alvo. Até que resolvi cair de vez. Dediquei dias à releitura de Rudolf Steiner, participei do fórum de economia associativa e reconheci as distorções.

Mas quem disse que um bom mergulho não pode ser mais profundo? Como senão bastasse tanta falta de ar e tantos desafios, resolvi mergulhar na releitura de Simone Beauvoir em parceria com a leitura sobre Sagrado Feminino. Foi, então, que resolvi voar e voei bem alto.

Que tal uma publicidade que valoriza o feminino. Ahn?
Eu sei que é pecado, não pega bem, pode soar ingênuo ou vidente. Mas a gente concluiu que tem gueto capaz de ouvir o que estamos falando. Feminino não tem números exatos como a tiragem de 10 mil da economia de escala. Nem as métricas de milhares das audiências virtualizadas. Valorizamos o sutil, o cuidado, o invisível, o percurso, o imponderável. Não temos controle, mas podemos garantir pela nossa vontade de mudar o mundo. Calma! Nós aterrissamos depois do voo alto…

Percebemos que apesar da Clarear estar envolvida por uma rede de mulheres que atuam na valorização do feminino, as nossas perguntas nos levam também para rede de mulheres que lutam pelos seus direitos com seu próprio corpo e que apesar deste encontro lindo entre o Sagrado Feminino e a luta feminista havia na nossa semente o desafio de abarcar raízes tão antagônicas, pois ambas se relacionavam pela forma de se diferenciar do outro, do masculino ou do homem. Nós sempre soubemos que a Clarear foca sua energia nas mulheres, mas de olho no mundo. Portanto, valorizar o feminino é uma luta, mas nosso sonho é a paz. Onde, então, encontrar o valor da publicidade diante de uma cultura econômica tão materialista?

Descobrimos que o único valor que podíamos criar eram nossos próprios valores. Não só os valores dos nossos sonhos, das nossas vontades, da nossa prontidão, mas os valores físicos das nossas necessidades. Foi a partir daí que conseguimos inspirar novamente os ares da Clarear. Conseguimos limitar o tempo de dedicação de cada uma de nós, reavaliar os custos pelas tarefas e chegamos ao custo mínimo de R$ 36 mil reais para entregar cada revista. Esta é a nossa meta comercial para a publicidade.

Entendemos que o valor da publicidade da Clarear está relacionado com o valor da produção do trio que dedica mergulhos, danças e muita energia na criação desta semente que valoriza a vida!